A Importância da Orientação Vocacional na Adolescência


A adolescência é um período de intensas mudanças, tanto físicas quanto psicológicas, onde o jovem sente que não é mais criança, porém sabe que ainda não é adulto. “O indivíduo se torna um adolescente quando, apesar de seu corpo e seu espírito estarem prontos para a competição, não é reconhecido como um adulto (Calligaris, 2000)”. Um momento de importantes transformações denominado por Erikson (1987) de “Crise do Adolescente” ou ainda por Knobel e Aberastury (1981) como uma “Síndrome da Adolescência Normal.” Seja crise ou síndrome é chegada a hora de construir uma identidade própria dissociada das figuras parentais, de testar escolhas pessoais, se identificar com determinados grupos, questionar crenças e valores; de aflorar angústias marcadas pelas oscilações de humor ou ainda transgredir para afirmar se tudo aquilo que internalizaram com a cultura faz ou não sentido.

Num curto espaço de tempo, o jovem é convidado a abandonar as atividades infantis para dar espaço às escolhas que o integrarão no mundo adulto. E uma das mais relevantes escolhas que também ocasiona muita incerteza se refere à profissão: “Se há pouco tempo atrás eu era uma criança, como terei que escolher uma profissão para o resto da minha vida?!” 

Diversos fatores permeiam a escolha profissional do jovem, tais como: influências externas, as relações com os outros, percepções adquiridas ao longo da vida sobre o mundo do trabalho; memória lúdica (profissões “exercidas” na infância durante as brincadeiras); tipo de vínculo com os estudos (maior afinidade com campos específicos); modelos parentais, transmissão geracional (avô médico, pai médico e filho médico); figuras idealizadas cujos atributos conferem posições de destaque (ideal de ego); fatores socioculturais (condições de subsistência e nível de instrução formal); a influência da mídia e dos meios de comunicação (informações em tempo real e mudanças em contexto globalizado); a diversidade de profissões e áreas de atuação na atualidade; características de personalidade (temperamento, visão de mundo, valores e padrão comportamental); assim como hobbies, gostos pessoais e demais fatores. Todos esses dados mostram, portanto, que optar por uma profissão vai muito além de uma mera escolha. É o resultado de um complexo processo que pode passar despercebido pelo adolescente, já que além de se encontrar ainda em processo de maturação cerebral, sofre as pressões do meio, o que os leva a necessitar de uma orientação mais direcionada.

É neste momento que a Orientação Vocacional oferecida pelo CDIF tem um papel fundamental, ao considerar que o profissional desta área possui as técnicas necessárias para se obter dados gerais e específicos da vida do adolescente, investigar fatores da história pregressa e atual que podem influenciar na escolha e realizar uma avaliação psicológica formal (testagem) para levantar aspectos da personalidade, cujo objetivo é permitir ao adolescente uma escolha mais segura e tranqüila, baseada no respeito à subjetividade e nas idiossincrasias de cada orientando. São encontros individuais (orientadora e orientando), com um número delimitado de sessões, onde se visa ao final, fazer a correlação de todo o levantamento obtido com as profissões mais indicadas ao jovem.

Como bem afirma Bohoslawsky (2007), um eminente teórico da área de Orientação Vocacional: “A escolha profissional não se encerra em si. É um processo dinâmico, já que toda profissão requer potencialidades que por sua vez não são estáticas, pois se modificam ao longo da vida e não podem ser definidas a priori. Essas potencialidades dependem do tipo de vínculo estabelecido com os estudos e com a profissão, vínculo este que depende da personalidade, que se define na ação. Autoconhecimento, portanto, é fundamental.”

Luciana F. Lepeco Rocha
Psicóloga CRP/PR 16.804
Orientação Vocacional de abordagem psicanalítica

 



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